REPRESENTAÇÕES DOS PRIMÓRDIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA EM A GUERRA DO FOGO E 2001

Este texto têm a incumbência de apresentar a maneira como iremos trabalhar no blog as articulações entre os temas comunicação e tecnologia, dentro das narrativas cinematográficas. Dois filmes foram escolhidos para nortear essa primeira discussão: A Guerra do Fogo (La Guerre du Feu, FRA – 1981) de Jean-Jacques Annaud e 2001 – Uma Odisseia no Espaço (A Espace Odyssey, EUA – 1968). A escolha desses filmes se dá pela construção em suas narrativas do surgimento da tecnologia e da comunicação na história da humanidade. Mesmo que sejam representações ficcionais sem embasamentos concretos, os dois filmes trazem simbolizações do avento da tecnologia e da comunicação.

Antes de elencar essas articulações iremos voltar na noção de comunicação trazida por Vilém Flusser em seu texto “O que é comunicação?”. O filósofo define a comunicação como um processo artificial essencialmente humano, um artificio da espécie baseado em ferramentas, descobertas, e símbolos organizados em códigos (FLUSSER 2007, p.88). É através da comunicação que a espécie procura se distanciar de sua condição de animal e das suas limitações, como a morte. Em termos gerais, a comunicação torna a vida viável (FLUSSER, p.96), ou seja, com o passar do tempo a espécie humana deixou de sobreviver para viver.

O filme A Guerra do Fogo, retrata os primórdios da racionalização ao retratarem duas tribos: a tribo Ulam, menos desenvolvida e ainda sem o conhecimento do domínio do fogo. E a tribo Ivaka, que apresenta hábitos sociais e organizacionais mais desenvolvidos, dentre esses, o domínio do fogo e uma comunicação mais complexa. O que é apresentado no filme é um pouco daquilo que Flusser fala sobre a comunicação. Ao por uma tribo frente a outra, mostra o processo de complexificação de raça humana passa de se comportar como de maneira distinta aos outros animais tendo acesso a uma racionalidade mediada pela técnica como o domínio do fogo, e pela comunicação.


Em 2001, esse processo é de racionalidade da espécie é mostrado de maneira mais simbólica em seu primeiro ato, se fossemos colocar os dois filmes em uma cronologia de tempo poderia ser dito que o processo que acontece no filme de Kubrick seria anterior ao domino do fogo retratado em A Guerra do Fogo. 


Na cena em questão há um momento em que “macaco” tem domínio sobre a técnica ao usar um pedaço de osso para destruir o esqueleto de um animal. Trata-se domínio da técnica e consequente distinção dos outros animais (representados pelo esqueleto esmagados pelo “macaco”) o domínio da técnica será primordial para o surgimento e desenvolvimento de novas tecnologias, desde a invenção da roda e o domínio da escrita a processos tecnológicos mais recentes como os meios de comunicação de massa a qual o cinema faz parte e as tecnologias da informação.

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