O “ARTÍFICE INQUIETO” EM “TRAMA FANTASMA”- UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO DO ARTISTA COM SEU TRABALHO

Nesse texto buscamos observar além do que seria o foco principal do filme Trama Fantasma (Phantom Thread, 2017), mas sim seu plano de fundo, a relação do personagem Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) com seu trabalho, um estilista da alta costura britânica na década de 1950. Deixando de lado a relação complexa e abusiva dos protagonistas, conseguimos observar o valor dado por Woodcock ao seu trabalho.

Trama Fantasma (Phantom Thread, 2017)

Sua ligação com a costura vai além de artifícios técnicos, e isso é o que menos importa ao final das contas, pois também podemos observar a grande diferença entre a valorização do trabalho do estilista, a pessoa que cria o conceito e garante que o trabalho feito por suas funcionárias corresponde com sua ideia. Quem costura o vestido pouco importa, o valor real é focado no trabalho do estilista. A partir dele o vestido ganha status de arte, e o artista se consagra.

O personagem trata de deixar claro que seu trabalho vai também além de quem o compra, não basta pagar, pouco importa satisfazer quem o adquire se a obra não está dentro de seus padrões, isso não tem tanto valor para o artista, ele acredita que é necessário merecer vestir suas roupas. Esse valor dado ao seu trabalho se é notado através do cuidado ao tratar das peças, os detalhes são milimetricamente pensados e cuidadosamente aplicados, como uma real obra de arte. Quem o faz não é um “mero artesão”, mas sim um cuidadoso artista.